Post de Érick retirado de seu perfil no Facebook por: ASCOM.
Hoje tem historinha do tio Erick… Não é tão curta… mas, vale a pena: Apresentei uma palestra no Shopping Riomar para profissionais de vendas, falei sobre inovação e criatividade na hora de vender. Observei que tinha uma senhora na primeira fileira, ela utilizava um aparelho auditivo e mesmo assim notei que ela tinha alguma dificuldade em me ouvir, além de dificuldades por não entender alguns termos que eu falava. Interrompi a apresentação lá para seus 25 minutos, (tempo que levou pra eu notar essa senhora ), e a perguntei se ela poderia me ajudar, “ela tem um jeito meio oriental, entende?” Por isso vou chamar ela de dona Kin, um “codename” para preservar sua identidade, então… ai ela levantou-se desconfiada e se aproximou, no auditório eu tinha no máximo umas 80 pessoas, todos a conheciam porque eram da mesma empresa… lá vou eu, com a ajuda de um flip de papel, solicitei que ela desse início aos trabalhos desenhando o que eu falava e ela foi ali desenhando e entendendo coisas como: Tecnologia Disruptiva, (parece fácil para você, mas para ela era o primeiro contato com a palavra), Solicitei que ela fosse uma artista e desenhasse uma pessoa com uma mala no topo da folha, um aeroporto no final da folha e, ao meio dessas figuras, do lado direito um táxi, e do lado esquerdo uma interrogação. Ela o fez e olhou para mim com ar de quem diz: espero que você saiba o que está fazendo, então eu a tranquilizei dizendo que ela não pagaria o mico sozinha, eu estava ali com ela…, foi quando eu expliquei que a disrupção estava no comportamento das pessoas, por exemplo, ao embarcar para uma viagem o personagem desenhado por dona Kin teria em 1999 uma opção chamada táxi, (é claro que sempre cabe pensar em ônibus, uma carona, ou outras coisas, + estatísticas dizem que quase 50% das pessoas utilizavam táxis em 1999 para ir até aeroportos, rodoviárias, e etc, quando não estavam em seus próprios carros ou carona com familiares e etc, não vamos radicalizar nos detalhes ok? Então, hoje, falei olhando diretamente nos olhos de dona Kin, as pessoas possuem uma forma igual de ir ao aeroporto, de carro, só que com um serviço muito diferente, o UBER, e isso era uma boa caracterização para disrupção e etc, ela abriu os olhos e todos aplaudiram aquela reação, inclusive eu, como quem diz:, Nossa!, era só falar que o Uber pode ser considerado disruptivo e pronto, continuei a apresentação e falei, que eu tinha preparado um slide exatamente com aquele desenho, mas que foi melhor utilizar o método Kin, para ensinar a mesma coisa, só que de uma forma diferente e mais divertida.O melhor da história vem agora… e o que aprendi com ela ( a história e dona Kin também), Ao entrar no carro por volta das 21h de hoje, 12h depois da apresentação, meu telefone tocou e era o diretor da empresa que me convidou para a apresentação, ele estava feliz e brincalhão dizendo que dona Kin já estava repassando o contexto para outras jovens senhoras que trabalham na empresa – naquelas vagas destinadas para pessoas de idade mais elevada – e eu fiquei surpreso com isso, ele me enviou um whatszap com a foto de longe onde dona Kin desenhava para as demais senhoras o mesmo fluxo que fiz na parte da manhã, e eu? juro, que nunca imaginaria ela fazendo isso,… Solicitei ao Diretor que me desse uma oportunidade de falar com Dona Kin para parabenizar e trocar uma ideia ( eu já imaginando que ela pode ser minha assistente de palco, afinal, o que faz uma senhora de 72 anos nos finais de semana, né? ) então, dona Kin pegou o telefone e meio que gritando falou um Muito Obrigado, eu não estava te ouvindo bem hoje pela manhã, depois que fui ao palco não só ouvi como entendi, um parêntese, (eu mudei a linguagem depois que ela saiu do palco, tirei todos os termos “moderninhos”, que me fazem parecer mais inteligente na apresentação e falei um bom e velho “nordestinês” com português), Sabe por que gente? Foi ai meu aprendizado… Eu não estava preparado para ver dona Kin dando aula com meu conteúdo para mais pessoas da idade dela, estou sendo sincero, achei que ela iria retornar ao trabalho e pronto. Aprendi que MUITAS vezes, nós dizemos que queremos ver o outro(a) avançar na vida, mas estamos apenas falando da boca pra fora, nós não acreditamos 100% que elas irão dar um passo adiante… claro que isso não se aplica em todos os casos nem pessoas… mas eu pude refletir ao desligar o telefone, e notei que muitas vezes as pessoas te dão algumas ferramentas pensando mais em te controlar, do que para te “empoderar”, e, quando você vai ao mundo e vence a batalha, essas pessoas te olham diferente… foi justamente isso que aconteceu comigo hoje, eu queria controlar dona Kin, com a intenção de ajudar claro, eu desejava apenas que ela não fosse embora sem entender o que eu estava falando, ao ver que ela se quer ouvia eu tive a certeza que poderia acontecer isso, decidi controlar ela, fazer ela entender slide por slide… mas JAMAIS eu pensei que ela fosse sair dali e ensinar a outras pessoas.. podem me julgar a vontade, eu não vou lhes mentir, JAMAIS pensei que ela faria isso, é sério,… no entanto, esse comportamento não é uma exclusividade minha, tenho certeza, e conheço pessoas, que em sua carreira profissional, e na vida, gostam muito de limitar as outras e até culpar elas pelos erros que não cometeram. Eu limitei dona Kin buscando fazer com que ela entendesse tudo que falei dentro daquela sala, acredito que a “empoderei” para quando saísse de lá, ela saiu e fez um gol, eu comemorei muito, ganhei o dia! Mas nem sempre quem te dá uma migalha vai comemorar seu gol, observe direito ao redor e vai ver que estou falando uma verdade verdadeira, que precisa ser dita, como dizia o comediante Nordestino Espanta.